domingo, 11 de dezembro de 2011

2011 - Retrospectiva

2011 não foi dos anos mais entusiasmantes no mundo da música. Foi o ano em que os REM anunciaram o fim, tal como os LCD Soundsystem e os White Stripes. Também a Amy Winehouse deixou de cantar, tal como o Gary Moore já não faz música, o Gil Scott-Heron deixou de protestar, o Manel Cruz abandonou o bandido e o Angélico deixou de fazer... o que quer que ele fizesse.

Sairam muitos álbuns novos, o que significa que este ainda não foi o ano da conversão do mundo da música ao mero single para meter no iTunes ou no GoogleTunes ou MSTunes por 0.99USD. Os Radiohead voltaram, mas sem grande força. Eu, como apreciador de Radiohead, fiquei desapontado por ter que esperar tanto tempo para ouvir aquilo. O King of Limbs não traz nada de novo, chega a ser aborrecido.
Acho que esta opinião não é mais generalizada porque há muita gente que nem sabe que aquilo veio cá para fora, apesar da campanha com jornais e tudo.

Também os Strokes, os TV On The Radio, os Kaiser Chiefs e a Björk lançaram álbuns  muito apagados. E os Coldplay deram-se por completo ao público RFM. A música ligeira agradece, mas as rádios foram preferindo a Adele.

Este foi o ano dos regressos! Houve uma sensação de regresso ao futuro (quando eles regressam ao passado) quando pudémos ver nas lojas álbuns novos de grandes bandas dos anos 90, como os Foo Fighters, os Red Hot Chili Peppers, os Cake ou os dEUS (e já agora uma reedição dos Nirvana).
E não apareceram os Pearl Jam porque o próprio Eddie Vedder já deve estar farto daquilo e quer fazer as coisa sozinho, com um ukulele. Ou podemos ir ainda mais para trás, para vermos nomes como os Yes, os Status Quo, Neil Young, Tom Waits, Stevie Nicks, Paul Simon, e a reedição integral dos Pink Floyd.

Neste ano tivémos também as notícias dos regressos aos palcos dos Stone Roses e dos Black Sabbath, mas sem material novo anunciado. É só para fazer uns trocos, que isto da crise toca a todos. E é também por causa da crise que começámos a ver ver outras coisas menos entusiasmantes com músicas novas, como as The Bangles e os New York Dolls,  Gang of Four e o Meat Loaf na secção dos 80s, os Nickelback, Take  That, os Limp Bizkit, os Blink 182, Megadeath, os Bush os Aqua os Incubus na secção dos 90s, e ainda... Scorpions, intemporal!

Mas os regressos inesperados não vêm só lá de fora. Voltámos a ouvir falar da Lúcia Moniz, do Miguel Gameiro, do Marante e do Emanuel, do (ex-pequeno) Saúl, do Paulo Gonzo e agora mais para o fim o anunciado regresso do Santamaria!!

Já nos nomes consagrados da Pop nesta última década, as caras que nos têm habituado a aparecer todos os anos apareceram outra vez em 2011, e lá voltámos a ouvir a Lady Gaga, a Beyonce, a Rhianna e a Shakira. Com a mesma qualidade musical a Britney Spears voltou em força, o Justin Bieber ainda existe e o Ricky Martin reapareceu com um ar mais leve e solto com um arco-iris por cima.

Mudando drasticamente, Fleet Foxes mandaram cá para fora o fabuloso 2º álbum, Helplessness Blues.
Para a imprensa da especialidade, melhor que eles só a PJ Harvey e pouco mais.

Em 2011 pudémos assistir à (con)fusão entre a música e o cinema: tivemos um realizador, David Lynch, a fazer música indie/electro/pop, curiosamente muito mais fácil de ouvir do que ver os filmes dele, enquanto o médico da casa, Hugh Laurie, mostrou o lado mais melancólico num álbum de blues à moda antiga.

Por Portugal o Sérgio Godinho voltou com um álbum igual a todos e o Jorge Palma com o álbum romântico, muito bom para a legião de fãs do Encosta-te a Mim. No caso dos GNR decidiram apostar em remasterizações de tralha antiga. Os Clã também lançaram um album novo tal como o JP Simões com Afonso Pais, e mais um regresso: os Quinta do Bill.

Os dois grandes álbuns portugueses de 2011: Lisboa Mulata dos Dead Combo e Chromatic dos You Can't Win Charlie Brown. O Sean Riley e os Slowriders também apresentaram um álbum bastante decente e o prémio inovação vai para os The Gift, que passaram de banda "dark" a banda "hippie".

Contudo as rádios preferiam dar airplay aos Golpes e aos Amor-Electro...

Ainda em Portugal, sem nenhum álbum editado e vindo do nada aparece We Trust, com uma música repetitiva mas agradável que o Cristiano Ronaldo usou num video que fez dedicado aos verdes anos.

Os supergrupos descobrem que isto não basta ter nome, é preciso trabalhar. E assim pode-se falar dos projectos falhados dos Superheavy (Mick Jagger com Joss Stone e Damien Marley), os Metallica com o Lou Reed, que para tentar promover o projecto novo andaram tocar Velvet Underground, e os portugueses Movimento, de Olavo Bilac e Gomo, só de versões.

No campo dos concertos, pudémos assistir ao regresso do Roger Waters a apresentar o The Wall, o regresso dos Portishead, e os Arcade Fire outra vez no SBSR. Outros momentos de referência ao vivo foram os regresso dos Bon Jovi ao parque da Bela Vista, no ano em que o Rock in Rio voltou para o Rio de Janeiro, e de Britney Spears ao Pavilhão  Atlântico, aparentemente sem playback. O Billy Corgan continua a insistir que os Smashing Pumpkins são ele e mais 3 macacos, e voltou a Portugal para apresentar o seu devaneio sobre a banda.

Já perto do final do ano o fado foi declarado Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, seja lá o que isso for. Mas os fadistas ficaram muito felizes, portanto acredito que seja alguma coisa muito boa. A partir de agora devem ter direito a croquetes nos bastidores ou assim... não sei. Temos ainda o Mourinho, que está para a música como o Albero João Jardim está para o continente, mas mesmo assim foi capa da Rolling Stone espanhola.

Mas nem tudo é mau: o próximo ano só pode ser melhor, e este já está quase a acabar!

Injustiças

12 Extremely Disappointing Facts About  Popular Music:

http://www.buzzfeed.com/daves4/12-extremely-disappointing-facts-about-popular-mus

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Impulsive Habitat


Esta editora sediada na internet disponibiliza a obra dos seus artistas de forma gratuita. Entre os sons destacam-se géneros como música concreta, ambiente e experimental. Vale a pena dar uma vista de olhos ao seu website, que está bastante agradável e cedo nos espeta com uma dose de agradáveis sonoridades pela cabeça a dentro.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Nouvelle Vague - Band à Part


Venho aqui desenterrar um clássico da música do século XXI. Com 5 anos de vida, este álbum sabe sempre a fresco acabadinho de colher devido ao extremo bom gosto presente nos arranjos, sonoridades, vozes e escolhas musicais. Pegando em músicas dos mais diversos recantos do nosso espectro musical, reúne grandes temas de enormes bandas totalmente mistificados numa aura lounge-jazz-chill levando qualquer um a entrar no ritmo e cantarolar muitas das faixas. Acima de tudo faz-me lembrar o valor que as versões originais têm e a forma como são brutalmente adulterados é inadvertidamente agradável! Recomenda-se como pano de fundo de uma paisagem a que possamos chamar Casa.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Vai um passinho de dança?




Duas faixas muito dançáveis oriundas desta e da outra margem do Atlântico!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

cenas

Há uns meses comecei a escrever este texto, mas só agora me lembrei dele, e pareceu-me a altura indicada para o disponibilizar. Apenas tratei de o rematar com umas pequenas frases e voilá:

Querem à força toda que sejamos culpamos ou pelo menos sintamos alguma culpa quando descarregamos “ilegalmente” música da internet. E foi esta conjectura que me levou a tentar desabafar o meu descontentamento com esta situação. E é a ouvir um disco sacado ilegalmente da internet que estou a escrever.

Há mais de uma década que lido diariamente com essa situação, sempre foi um acto natural no meu quotidiano e inclusivamente uma das razões que me levou a ter internet. A música, além de uma arte, é uma cultura, uma forma de viver, por vezes viciante, outras vezes somente um entretém. Pode conter ideias profundas de um lado e batidas extasiantes do outro. Durante um largo período da minha vida foi possivelmente o meu maior interesse, lá estava sempre eu entusiasmado para saber o que estava a sair de novo. Foi através desta arte que tomei conhecimento das culturas modernas anteriores à minha nascença, da história da nossa sociedade no último século, das modas e movimentos que mudaram a forma de encararmos a vida.

Todo este rico conhecimento chegou-me (ou devido a),segundo dizem, através de um crime. Pois de facto estava a roubar trabalho a quem se esforçou para o fazer, e dele necessita para brotarem os seus rendimentos. Sempre foi isto que absorvi dos media, esta ideia de que faço parte de uma geração de ladrões, crápulas parasitas que não olham a meios e que obtém o que desejam através de um frio click no rato.

Por outro lado também sempre andei teso, tesinho da carteira, a contar os tostões, e quando fazia contas à vida reparava que os meus interesses capitalistas eram essencialmente ir a concertos, e era esta a grande fonte dos meus gastos. No fundo, estoirava o dinheiro todo em música, inclusivamente até comprava os bilhetes para espectáculos em lojas físicas. Por vezes pergunto-me como me aceitavam como cliente, ao verem aquele grande rótulo na minha testa, com letras coloridas e cores bem vivas onde se podia ler “LADRÃO DE ARTE”. Por outro lado percebo, até o dinheiro do ladrão é bem vindo aqui na terra do capitalismo selvagem. Mas não é por aqui o caminho deste texto.

A ideia que desejo transmitir centra-se factualmente na discrepância e dessintonia entre a evolução da indústria musical e a evolução da sociedade. E não confundir a sociedade com as pessoas, porque estas últimas evoluíram como a indústria musical, adaptando-se às reformas tecnológicas e económicas como bem se pretende. O nosso problema é que a forma de se vender música mudou, disso não há dúvidas, as leis e mentalidades é que se mantiveram conservadas em óleo de fritos. Hoje em dia ouvimos muito mais música, somos mais cultos, e inclusivamente temos maior espírito crítico e solidário. E nem por isso gastamos menos dinheiro. Gastamos é de maneira diferente, e até acho que gastamos mais. Os músicos não estão mais pobres,nem me parece que apareçam menos artistas novos, simplesmente o dinheiro está cada vez mais canalizado para promotoras de espectáculos ao invés das famosas editoras de discos. Quero com isto concluir que ao contrário das nossas gerações mais novas, quem não se adapta são aqueles que não têm realmente o gosto intrínseco pela música, apenas pelo negócio. E para alguns desses, parece que se está a acabar a árvore das patacas.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Meio Metro de Pedra

Isto tem muito potencial!








Estreia em outubro, dizem eles

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

dEUS - Keep You Close

Dia 19 sai o novo álbum dos dEUS, que terá o mesmo nome do primeiro single: Keep You Close.




O álbum pode ser ouvido aqui.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Tinariwen - Tassili



Este é o último álbum deste ano dos tuaregs Tinariwen.

Talvez eu, por estar completamente ocidentalizado e não ter o ouvido preparado, não seja a melhor pessoa para fazer uma crítica. Contudo, para não deixar aqui um espaço em branco, vou dizer o que acho: isto é um bocado como as chinesas, são todas iguais. Lá está, se for um chinês a olhar para as chinesas já as vê de outra maneira, porque, tal como para a música, tenho os padrões referentes à minha localização geográfica.

Mas sou um curioso e gosto de conhecer coisas exóticas, e é por isso que ainda me atrevo a ir ao Martim Moniz ou a ouvir coisas de lá longe.

Neste caso são tuaregs nómadas, mas dado que em 2007 ganharam não sei quantos prémios de world music em não sei quantas world rádios e world revistas e world festivais e tiveram reconhecimento público de world figuras como o Santana, o Bono Vox e o Thom Yorke, eu penso que eles próprios também já devem ter ganho o prefixo world antes do nome, pois nos últimos anos devem ter ido ao deserto tantas vezes como eu.

Por falar em deserto, faz-me confusão como é que eles tocam instrumentos elétricos, isto é, uns nómadas do deserto não devem ter uma tomada sempre à mão...

Voltando ao CD, aqui está uma bela embalagem virtual com um CD bónus com 4 musicas extra. E apesar de serem todas iguais, ouve-se muito bem!


O single chama-se Tenere Taqhim Tossam e até tem um video de apresentação:


 

PS: Nem de propósito: «"Tassili" será apresentado ao vivo, no próximo dia 4 de Outubro, no Teatro Municipal de Vila do Conde, no âmbito do espectáculo integrado no projecto Estaleiro. O preço dos bilhetes varia entre os 16€ (balcão) e os 18€ (plateia).»

terça-feira, 6 de setembro de 2011

sábado, 3 de setembro de 2011

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Tom Waits - Bad As Me


Apresentação pelo próprio Tom Waits do álbum Bad as Me, aqui.

Na realidade não é uma apresentação, é mais um manifesto.
Aparentemente ele teria um plano qualquer para apresentar o álbum, mas a Amazon não se conteve e estragou-lhe a festa, anunciando-o antes de tempo.

Sai dia 25 de Outubro!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

sábado, 20 de agosto de 2011

Ayarkhaan - Sounds of Ancient Land of Olonkho

Do que vi, foram "a cena" do festival. Completamente fora de qualquer coisa a que estivesse habituado! Estas 3 moças conseguem regurgitar sons enquanto têm um berimbau metálico a fazer barulho e com isto por recriam paisagens sonoras que vão lá das montanhas à fauna local.

Como uma imagem vale mais que mil palavras, 60 imagens por segundo valem muito mais, portanto fica aqui um pequeno excerto do concerto em Sines.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Aziz Sahmaoui & University of Gwana


Ora aqui está uma agradável surpresa! Estes tipos devem ter sido dos que mais gostaram do festival de Sines este ano: eram para actuar ao inicio da tarde, mas como os cabeças de cartaz Sly & Robbie queriam ir embora mais cedo, o alinhamento no último dia foi alterado et voilà, sem saberem bem porquê o Aziz & Co. acabou por ser a atração principal da noite, ficando com as honras do tradicional fogo de artifício.

E para mim, na condição de espetador pagante, foi (muito) melhor! Não só porque tenho uma embirração natural com reggae, como não acho que seja o tipo de música adequada para o fogo de artificio, e como também estes tipos fizeram uma bela festa!

Deixaram o tema em crescendo Ana Hayou para a segunda música e a pirotecnia ficou assim muito mais composta, muito mais alegre! Assim sim, assim vale a pena!

Passando agora para o álbum, gostei muito de ouvi-lo. Talvez por ainda estar com restos na memória de sábado passado, ou talvez porque é mesmo giro: música animada do Magreb com não sei quantos tipos de outros tantos países e alguns instrumentos que não sei o nome.

Como exemplo, a própria Ana Hayou.

TV On The Radio


A semana passada soube que Gerard Smith, baixista e teclista dos TV On The Radio sucumbiu ao cancro com 36 anos.

Quando vi isto fiquei bastante triste. Uma tristeza maioritariamente egoísta, pois junto à notícia do óbito estava escrito que a banda ainda não tinha planos para o futuro após esta tournée. Contudo, acho muito louvável continuarem as actuações prometidas. É uma excelente honra à sua memória e quem os viu no Alive certamente que agradece. Vi-os no SBSR em 2007 e foi muito provavelmente o melhor momento musical do ano para mim. Não via ninguém a dançar e cantar como Tunde Adepimbe desde Thom Yorke em 2002 no Coliseu dos Recreios.

Como os bilhetes para o Alive deste ano estavam caríssimos, desliguei da banda por meses desde que soube que faziam parte do cartaz. Sou teimoso e não quis saber absolutamente nada da minha banda preferida no meio daquele lineup todo que não iria ver. Não acompanhei notícias, não vi a crítica ao concerto, nem a setlist consultei. O novo albúm, saído em Abril, mal o ouvi.

Entretanto encontrei o concerto que deram este ano em Glastonbury transmitido na TV britânica. A Staring At The Sun tem uma energia fantástica e a Province tem uns arranjos muito engraçados. Acabam a actuação com um tributo a Ray Parker Jr. Gosto dessa humildade e da alegria que isso transmitiu ao público, que diga-se de passagem, após anos a ver e a observar o público lusitano, é mesmo assim uma valente merda. Não faço o upload porque são perto de 1GB mas prometo uma fonte por tempo indefinido.

Enquanto o download não acabava vi o fabuloso filme que a banda fez do Nine Types Of Light. Totalmente gratuito no youtube e em 1080p se quiserem. Gosto particularmente do vídeo da Repetition, da retrospectiva da banda com o então ainda vivo Gerard Smith durante a Killer Crane e obviamente do fim: Love, peace, and TOTAL ANNIHILATION! Parafraseando um comentador do tubo: That was a whole hour of awesome!

Rest In Peace Gerard Smith, a whole life of awesome.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Mário Lúcio - Kreol


Como já se estava à espera, agora vão começar a aparecer aqui alguns álbuns de tipos que actuaram em Sines nas duas últimas semanas.
E o primeiro a ter as honras de aparecer aqui com o álbum em nome próprio é o shôr ministro, que apresentou o álbum do ano passado "Kreol".

Começando pela capa, não deixo de considerar a montagem um tanto ou quanto infeliz. Por alguma razão olho para esta imagem e parece-me que o Neno se pôs a cantar Júlio Iglesias. Felizmente lá dentro não é nada disso! Contudo o concerto foi muito mais giro que o álbum...

O que salta logo à vista é a quantidade de participações entre as quais destaco a Teresa Salgueiro, Cesária Évora e Milton Nascimento. Não por serem as melhores, mas por serem as únicas que conheço.
De resto o álbum está bem montado, bem produzido, o tipo canta bem, muito fácil de ouvir... demasiado até. Estava a espera de um bocadinho mais de Cabo Verde nisto. É um conjunto de canções para se ouvir ao domingo enquanto se lêem os artigos de opinião do Expresso, ou para estar a tocar de fundo numa festa de abstémios de meia idade.

A história do tipo é mais interessante que o álbum, portanto vou fazer um pequeno resumo da vida dele: nasceu no Tarrafal, estudou direito em Cuba, meteu-se na política.
Interessante hein!?

VA - FMM SInes 2011


Mais um ano de músicas com espírito de aventura, e em 2011 de volta com os CDs de apresentação das bandas, que no ano passado ficaram esquecidos por causa da crise. CD duplo,digipack, 30 músicas 5€. Já paguei 3 vezes mais por 3 vezes menos...

Dentro destes dois donuts de plásticos há mais variedade de instrumentos que no Campo de Santa Clara a um sábado de manhã, ao preço de um polifónico dos 8 melhores temas dos REM em pan pipes. E nem que fosse só essa variedade já estava assegurado algum sumo. Mas há muito mais que isso.

Há Portugal China Japão Rússia Grécia Brasil Índia Alemanha França Marrocos cada um para seu lado e às vezes alguns misturados. Até aqui nada de novo para quem já ouviu as edições anteriores. É dificil apontar surpresas num conjunto de canções que pretendem, quase por definição, ser surpreendentes. Ainda assim posso realçar os Le Trio Joubran da Palestina numa sopa de sons com o alaúde em destaque, os Dissidenten que já são mais velhos que eu e que o próprio vencedor do Último a Sair tem uma versão muito conhecida no Brasil duma música deles, a bate-pé de Mário Lúcio, ministro da cultura de Cabo Verde, o experimental dos Deerhoof, o trio da República da Iacútia Ayarkhaan que fariam o Stockhausen ir as lágrimas, o grande mestre chinês-folk-indie Mamer, o boogie-jazz português dos L.U.M.E.... isto são só nomes e podia dizer muitos mais, mas isso não interessa nada. O que interessa é ouvir!

Pode ser que alguns destes nomes tenham direito ao seu próprio post um dia destes!

Como exemplo de uma música que se pode encontrar aqui fica a Legend of the Creation of the World, numa interpretação interessante a solo de uma das moças do trio Ayarkhaan.

E, para quem não foi a Sines, este é o resultado disto multiplicado por três.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Peter Gabriel - Scratch My Back


Há tempos encontrei na net uma versão do Peter Gabriel da My Body Is a Cage dos Arcade Fire. Está muito boa, tem um registo mais pesaroso e orquestrado que o original. Causa-me mais ou menos a mesma sensação que a Hurt tocada pelo Johny Cash.

Mais ou menos na mesma altura vi o final da série Scrubs, que considero dos melhores finais de uma série para TV (fizeram uma 9ª temporada mas é um esterco). Para efeito dramático é utilizada a Book of Love interpretada também pelo Peter Gabriel, original do excelente 69 Love Songs dos Magnetic Fields.

Aqui o vídeo. Para quem não é fã da série, a Book Of Love começa aos 5:29.

Hoje tenho estado a reorganizar a minha biblioteca de música e encontrei o albúm da qual essas 2 versões são retiradas. Chama-se Scratch My Back e conta também com versões da Street Spirit dos Radiohead, da Heroes do David Bowie, da Flume de Bon Iver entre outras.

É sem dúvida dos melhores álbums de tributos que tenho ouvido.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Thurston Moore - Demolished Thoughts


Novo álbum de Thurston Moore, para desanuviar dos feedbacks e das distorções dos Sonic Youth. Aliás, este álbum é praticamente anti-Sonic Youth (não no sentido de ser contra os SY, mas no sentido de ser praticamente o contrário). Talvez tenha a ver com a idade ou com os novos tempos ou porque quer fazer coisas novas ou para explorar outras vertentes da sua criatividade ou apenas porque pode.

Musiquicas bem compostas e arranjadas (nota-se que o Beck andou aqui a fazer uma limpeza), sossegadas que ficam bem com um chá verde, biscoitos de manteiga caseiros enquanto chove chuva lá fora. Mas também é giro no Verão, sobretudo se for de noite numa sala como a Aula Magna com o tipo lá a frente a tocar... isso é que era!

Para meter rótulos (para os mais novos, "tags"): new american folk, indie (pois claro!), Nick Drake, Sun Kil Moon, Josh Ritter e semelhantes. Só coisas boas!

Já agora, enquanto estava a escolher uma música de exemplo, apareceu-me um belo momento 90s. Trata-se de uma pequena entrevista que o então jovem Beck (o produtor deste album) deu há 17 anos atrás a... Thurston Moore!

Entrevista

Como amostra, por nenhuma razão em particular, escolhi a Benediction

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Brad Sucks - Out of It





Esta one man band traz músicas bem agradáveis para nos acompanhar nos headphones enquanto vagueamos por aí. Desde o inicio do ano que ouço e continua a estar nas primeiras escolhas do leitor de Mp3. Recomenda-se.

(E com isto termino a trilogia de posts que elucidam sobre o que já conheci durante o ano de 2011)

Crystal Fighters - Star of Love



Do país basco chega uma banda que mistura folk, gipsy, indie rock, electro e dubstep. Definitivamente das melhores e mais variadas coisinhas que já ouvi este ano. Este disco é mesmo muito bom. Deixo um link para o videoclip da musica de apresentação aqui. (mas não deixem de ouvir o álbum na íntegra, que é muito variado)

Old Growth - Out Of The Sand And Into The Streets




Ora bem, então isto é uma banda constituída por antigos membros de bandas Hardcore, que aqui trazem um álbum cheio de riffs sonantes e vocais completamente desafinados mas muito perceptíveis (isto com violinos à mistura e tal). Eu gosto muito, mas geralmente gosto de coisas diferentes e algo difíceis de descrever.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Foo Fighters - Wasting Light

Bom antes demais peço desculpa por só colocar isto com cerca de 1 mês de atraso em relação à data de lançamento...

Não há mais nada a dizer sobre uma das bandas que vem ao Alive este ano.

Tracklist:

01 Bridge burning
02 Rope
03 Dear Rosemary
04 White limo
05 Arlandria
06 These days
07 Back & forth
08 A matter of time
09 Miss the misery
10 I should have known
11 Walk

A banda disponibilizou todo o cd tocado ao vivo

Videoclips até agora
White Limo

Rope

Um comentário final fica reservado para o novo filme sobre a banda:
foo fighters - back and forth

Disponível perto de si!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

6 - Ode ao Dia


Por vezes, mais próximo do que julgamos, surgem projetos que tanto de solitários como de corajosos nos conseguem surpreender.
Uma miscelânea de sons, de influências, ideias, melodias, e, escondida nas cortinas de som, a vontade de apresentar e partilhar uma visão, transportando a língua portuguesa por novas sonoridades e estilos para contar a sua própria estória, é um EP que merece ser explorado, e os detalhes apreciados.
Por enquanto o projeto conta apenas com um elemento, e procura pessoas com quem partilhar e divulgar esta ideia.

O download deste EP (e toda a informação essencial sobre o projeto) está diponível gratuitamente na página oficial.

sábado, 16 de abril de 2011

Junip


Aqui uma das bandas que vai actuar no Super Bock Super Rock 2011 no dia 15 de Julho. Chamam-se Junip, e pelo menos um dos elementos deste blog conhece. O colectivo sueco é composto por José González, Elias Araya e Tobias Winterkorn.

Possivelmente já ouviram o trabalho a solo de José González, que ficou bastante famoso ao fazer a banda sonora de um anúncio da Sony com uma cover da Heartbeats dos também suecos The Knife (aqui a versão original).

Têm ao todo 3 EPs desde 2005 e 1 album de 2010, o Fields.

O som é bastante tranquilo e low fi, um pouco mais upbeat que o trabalho a solo de González. Por vezes lembra-me Zero 7. Especialmente adequado na minha opinião para um cartaz do tipo do SBSR deste ano, ideal para apreciar num estado de espírito moderadamente alterado e feliz.

Aqui 2 canções da banda que estão no tubo:


In Every Direction que tem sido a minha música mais ouvida nestas últimas 2 semanas.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Cinco cantautoras de África, Europa e América confirmadas no FMM Sines

As novas confirmações do programa do FMM Sines – Festival Músicas do Mundo 2011, que acontece em Sines em Julho, são no feminino: cinco cantautoras oriundas de África (Manou Gallo, Nomfusi e Nathalie Natiembé), Europa (Mercedes Peón) e América (Luísa Maita).

A primeira a subir ao palco do Castelo de Sines, no dia 24 de Julho, é a brasileira LUÍSA MAITA, uma das mais fortes apostas recentes da Cumbancha, editora de referência na área das músicas do mundo. Nascida em São Paulo em 1982, filha de pai sírio e mãe judia, faz música assumidamente urbana tendo o samba e a bossa nova como principais fundações artísticas. O seu álbum de estreia, “Lero-Lero”, foi lançado em 2010 e figurou na lista dos melhores discos do ano de várias publicações, incluindo a revista Veja. A sua presença em Sines é uma estreia em palcos portugueses.

MERCEDES PEÓN, natural da Galiza, é um das artistas mais carismáticas do circuito da “world music”. As suas primeiras influências foram os cantos tradicionais das mulheres da Costa da Morte, com os quais aprendeu e os quais ensinou. Gravou o seu primeiro disco, "Isué", em 2000. Seguiram-se "Ajrú" (2004) e "Sihá" (2007), numa evolução para o registo electroacústico, que culmina em "Sós" (2010), o seu trabalho mais vanguardista, que nos últimos meses tem ocupado o 1.º lugar nos “charts” europeus de “world music”. Compositora, cantora, multi- instrumentista, enche sozinha o palco no Castelo, no dia 27 de Julho.

Também no dia 27 de Julho, actua MANOU GALLO. Natural da Costa do Marfim, apaixonou-se pela música pela via da percussão, tocando desde muito cedo os “tambores falantes”, tipo de percussão usado nos rituais do povo Djiboi. No início da idade adulta, começou a interessar- se pelo baixo, que em 1997 a levaria à Bélgica, para integrar o grupo Zap Mama. Desenvolve uma carreira a solo, como cantora, baixista e percussionista, desde 2001, tendo já gravado três discos: “Dida” (2002), “Manou Gallo” (2006) e “Lowlin” (2009). Na sua música, junta a tradição do seu país a influências de soul, funk e blues. É acompanhada em concerto pela Women Band, constituída por músicos belgas.

NOMFUSI, jovem estrela da música sul-africana, está no Castelo na noite de 28 de Julho. Nascida numa “township” (bairro pobre exclusivamente habitado por não brancos), Nomfusi começou a cantar na igreja, onde foi descoberta e ganhou uma bolsa de estudo para estudar canto e composição na Cidade do Cabo. “Kwazibani”, o nome do seu disco de estreia, lançando em 2009, lembra o nome de sua mãe, morta com sida quando Nomfusi tinha 12 anos. A sua identidade musical situa-se entre o jazz sul-africano, o R&B e o Motown clássico. É acompanhada pela banda The Lucky Charms, formada por músicos das “townships”. Estreia-se em Portugal no FMM.

NATHALIE NATIEMBÉ, natural de Reunião, ilha francesa no Oceano Índico, actua no Castelo na noite de 30 de Julho. Inscrita na tradição do “maloya”, um dos estilos principais da música da ilha, com raízes na cultura dos escravos, Nathalie cria canções com letras em francês e em crioulo, onde também se deixam entrever influências da “chanson” francesa, jazz, blues, reggae e várias músicas africanas. Chega a Sines com três discos gravados: “Margoz” (2001), “Sankèr” (2005), classificado com a nota máxima, Choc, do suplemento musical do Le Monde – e “Karma” (2009). A sua voz, usada a cappella ou acompanhada por um grupo instrumental reduzido, é o seu trunfo principal. É mais uma estreia em Portugal.


NOTA À IMPRENSA

terça-feira, 22 de março de 2011

Desert Slide, Mamer, Ayarkhaan e Shunsuke Kimura x Etsuro Ono representam a Ásia no FMM Sines 2011

Vishwa Mohan Bhatt & The Divana Ensemble “Desert Slide” (Rajastão - Índia), Mamer (China), Ayarkhaan (República da Yakutia – Rússia) e Shunsuke Kimura x Etsuro Ono (Japão) são as quatro novas confirmações do programa do FMM Sines – Festival Músicas do Mundo 2011.

VISHWA MOHAN BHATT & THE DIVANA ENSEMBLE “DESERT SLIDE” (Rajastão – Índia)

No dia 28 de Julho, o Castelo acolhe o projecto “Desert Slide”, que junta Vishwa Mohan Bhatt, um dos maiores mestres da slide guitar, e o grupo cigano Divana Ensemble.

Primeiro aluno de Ravi Shankar, Vishwa Mohan Bhatt é um dos músicos indianos mais reconhecidos no mundo. Compositor e improvisador de excelência, criou o seu próprio instrumento, a “Mohan Veena”, um cruzamento de vários instrumentos de cordas indianos com a slide guitar norte-americana.

Venceu o Grammy para Melhor Disco de World Music em 1994, com o CD “A Meeting by the River”, em parceria com Ry Cooder.

Encontra-se nomeado para o prémio de melhor colaboração intercultural nos prémios Songlines 2011 pelo seu disco "Sleepless Nights on World Village", com Matt Malley.

Originário, como Vishwa, do Rajastão, o maior e mais desértico estado da Índia, o quinteto cigano The Divana Ensemble inscreve-se na tradição das antigas castas de músicos dos rajás. É composto por Anwar Khan Manganiar (voz), Prithviraj Suresh Mishra (tablas), Gazi Khan Barna (kartâl - percussão), Feiruz Khan Manghaniyar (dholak - percussão) e Ghewar Khan Manghaniyar (kamanchiya – instrumento de arco).


MAMER (China)

Mamer é um dos artistas mais originais e influentes da nova música da China, um trovador na tradição folk.

Nascido e criado na província de Xinjiang, busca inspiração na cultura dos pastores nómadas de etnia cazaque que vivem naquela região do noroeste da China.

O seu álbum de estreia, “Eagle”, editado em 2009 pela Real World, combina elementos tradicionais, folk e rock.

As canções do seu repertório, provenientes no folclore local e originais de Mamer, são cantadas com uma voz grave inconfundível e acompanhadas de forma virtuosa na guitarra, no “dombra” (alaúde dos povos cazaques da Ásia Central) e noutros instrumentos tradicionais.

Mamer, que esteve programado para o FMM 2009, mas não chegou a actuar devido a problemas de vistos, sobe ao palco do Castelo na noite de 23 de Julho.


AYARKHAAN (República da Iacútia – Rússia)

O trio feminino Ayarkhaan recupera a tradição musical da Iacútia (ou Sakha), república asiática da Federação Russa.

Formado em 2002, é composto por Albina Degtyareva, Yuliana Krivoshapkina e Olga Podluzhnaya, cantoras e intérpretes de “khomus”, um tipo de berimbau metálico tocado com a boca, instrumento nacional usado pelos xamãs nos seus rituais.

Utilizam o estilo de canto gutural "d'ieretii", semelhante ao utilizado por coros búlgaros e russos.

Proveniente de uma das mais desoladas e espectaculares paisagens do mundo, entre a estepe e o Árctico, a música de Ayarkhaan inspira-se nos poderes da natureza, figurando, nalguns momentos, o som do vento, dos cavalos, dos pássaros e outros sons naturais.

O concerto de Ayarkhaan no Castelo de Sines realiza-se na noite de 29 de Julho.

SHUNSUKE KIMURA x ETSURO ONO (Japão)

O projecto Shunsuke Kimura x Etsuro Ono explora as qualidades do “Tsugaru Shamisen”, um estilo virtuoso, com forte componente percutiva, de tocar o shamisen, instrumento de três cordas omnipresente na cultura do Japão.

Formado em 2008, o duo é constituído por Shunsuke Kimura (que além de Tsugaru Shamisen, toca flauta “fue” e percussões) e Etsuro Ono (Tsugaru Shamisen e percussão).

Shunsuke Kimura nasceu em 1969 e é um dos mais aclamados compositores e intérpretes de instrumentos tradicionais japoneses. Etsuro Ono, nascido em 1972, estudou “Tsugaru

Shamisen” na prefeitura de Aomori, no norte da ilha de Honshu, o coração deste género musical, e tem desenvolvido um trabalho consistente com diversas companhias de teatro.

Premiados pela qualidade da sua inovação na música tradicional, Kimura e Ono levam o Tsugaru Shamisen a extremos de dinamismo e improvisação, em concertos em que a energia libertada transcende em muito os recursos aparentes do instrumento acústico.

Actuam no Castelo de Sines na noite de 28 de Julho.


VÍDEOS DOS GRUPOS

Desert Slide: http://www.youtube.com/watch?v=xIb1M1sp4tI

Mamer: http://www.youtube.com/watch?v=dloDUzRe1Yc

Ayarkhaan: http://www.youtube.com/watch?v=gNoYD0X_b0Q

Kimura x Ono: http://www.youtube.com/watch?v=XKbfjk_dz_4


(NOTA À IMPRENSA)