2011 não foi dos anos mais entusiasmantes no mundo da música. Foi o ano em que os REM anunciaram o fim, tal como os LCD Soundsystem e os White Stripes. Também a Amy Winehouse deixou de cantar, tal como o Gary Moore já não faz música, o Gil Scott-Heron deixou de protestar, o Manel Cruz abandonou o bandido e o Angélico deixou de fazer... o que quer que ele fizesse.
Sairam muitos álbuns novos, o que significa que este ainda não foi o ano da conversão do mundo da música ao mero single para meter no iTunes ou no GoogleTunes ou MSTunes por 0.99USD. Os Radiohead voltaram, mas sem grande força. Eu, como apreciador de Radiohead, fiquei desapontado por ter que esperar tanto tempo para ouvir aquilo. O King of Limbs não traz nada de novo, chega a ser aborrecido.
Acho que esta opinião não é mais generalizada porque há muita gente que nem sabe que aquilo veio cá para fora, apesar da campanha com jornais e tudo.
Também os Strokes, os TV On The Radio, os Kaiser Chiefs e a Björk lançaram álbuns muito apagados. E os Coldplay deram-se por completo ao público RFM. A música ligeira agradece, mas as rádios foram preferindo a Adele.
Este foi o ano dos regressos! Houve uma sensação de regresso ao futuro (quando eles regressam ao passado) quando pudémos ver nas lojas álbuns novos de grandes bandas dos anos 90, como os Foo Fighters, os Red Hot Chili Peppers, os Cake ou os dEUS (e já agora uma reedição dos Nirvana).
E não apareceram os Pearl Jam porque o próprio Eddie Vedder já deve estar farto daquilo e quer fazer as coisa sozinho, com um ukulele. Ou podemos ir ainda mais para trás, para vermos nomes como os Yes, os Status Quo, Neil Young, Tom Waits, Stevie Nicks, Paul Simon, e a reedição integral dos Pink Floyd.
Neste ano tivémos também as notícias dos regressos aos palcos dos Stone Roses e dos Black Sabbath, mas sem material novo anunciado. É só para fazer uns trocos, que isto da crise toca a todos. E é também por causa da crise que começámos a ver ver outras coisas menos entusiasmantes com músicas novas, como as The Bangles e os New York Dolls, Gang of Four e o Meat Loaf na secção dos 80s, os Nickelback, Take That, os Limp Bizkit, os Blink 182, Megadeath, os Bush os Aqua os Incubus na secção dos 90s, e ainda... Scorpions, intemporal!
Mas os regressos inesperados não vêm só lá de fora. Voltámos a ouvir falar da Lúcia Moniz, do Miguel Gameiro, do Marante e do Emanuel, do (ex-pequeno) Saúl, do Paulo Gonzo e agora mais para o fim o anunciado regresso do Santamaria!!
Já nos nomes consagrados da Pop nesta última década, as caras que nos têm habituado a aparecer todos os anos apareceram outra vez em 2011, e lá voltámos a ouvir a Lady Gaga, a Beyonce, a Rhianna e a Shakira. Com a mesma qualidade musical a Britney Spears voltou em força, o Justin Bieber ainda existe e o Ricky Martin reapareceu com um ar mais leve e solto com um arco-iris por cima.
Mudando drasticamente, Fleet Foxes mandaram cá para fora o fabuloso 2º álbum, Helplessness Blues.
Para a imprensa da especialidade, melhor que eles só a PJ Harvey e pouco mais.
Em 2011 pudémos assistir à (con)fusão entre a música e o cinema: tivemos um realizador, David Lynch, a fazer música indie/electro/pop, curiosamente muito mais fácil de ouvir do que ver os filmes dele, enquanto o médico da casa, Hugh Laurie, mostrou o lado mais melancólico num álbum de blues à moda antiga.
Por Portugal o Sérgio Godinho voltou com um álbum igual a todos e o Jorge Palma com o álbum romântico, muito bom para a legião de fãs do Encosta-te a Mim. No caso dos GNR decidiram apostar em remasterizações de tralha antiga. Os Clã também lançaram um album novo tal como o JP Simões com Afonso Pais, e mais um regresso: os Quinta do Bill.
Os dois grandes álbuns portugueses de 2011: Lisboa Mulata dos Dead Combo e Chromatic dos You Can't Win Charlie Brown. O Sean Riley e os Slowriders também apresentaram um álbum bastante decente e o prémio inovação vai para os The Gift, que passaram de banda "dark" a banda "hippie".
Contudo as rádios preferiam dar airplay aos Golpes e aos Amor-Electro...
Ainda em Portugal, sem nenhum álbum editado e vindo do nada aparece We Trust, com uma música repetitiva mas agradável que o Cristiano Ronaldo usou num video que fez dedicado aos verdes anos.
Os supergrupos descobrem que isto não basta ter nome, é preciso trabalhar. E assim pode-se falar dos projectos falhados dos Superheavy (Mick Jagger com Joss Stone e Damien Marley), os Metallica com o Lou Reed, que para tentar promover o projecto novo andaram tocar Velvet Underground, e os portugueses Movimento, de Olavo Bilac e Gomo, só de versões.
No campo dos concertos, pudémos assistir ao regresso do Roger Waters a apresentar o The Wall, o regresso dos Portishead, e os Arcade Fire outra vez no SBSR. Outros momentos de referência ao vivo foram os regresso dos Bon Jovi ao parque da Bela Vista, no ano em que o Rock in Rio voltou para o Rio de Janeiro, e de Britney Spears ao Pavilhão Atlântico, aparentemente sem playback. O Billy Corgan continua a insistir que os Smashing Pumpkins são ele e mais 3 macacos, e voltou a Portugal para apresentar o seu devaneio sobre a banda.
Já perto do final do ano o fado foi declarado Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, seja lá o que isso for. Mas os fadistas ficaram muito felizes, portanto acredito que seja alguma coisa muito boa. A partir de agora devem ter direito a croquetes nos bastidores ou assim... não sei. Temos ainda o Mourinho, que está para a música como o Albero João Jardim está para o continente, mas mesmo assim foi capa da Rolling Stone espanhola.
Mas nem tudo é mau: o próximo ano só pode ser melhor, e este já está quase a acabar!
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