segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Comissao Europeia quer limitar volume nos leitores de musica portáteis


A Comissão Europeia quer limitar o volume nos leitores de música portáteis, medida que tem como objectivo proteger da surdez parcial um universo estimado em dez milhões de pessoas, mas o processo pode demorar dois anos até entrar em vigor.

Segundo dados hoje divulgados pelo executivo comunitário, em Bruxelas, "calcula-se que podem correr este risco [de surdez parcial] cerca de dez milhões de pessoas". A Comissão Europeia precisa que "entre cinco e dez por cento dos utilizadores destes aparelhos correm o risco de ficarem parcialmente surdos", tratando-se de pessoas que "ouvem música mais de uma hora por dia num volume muito alto".


A comissária europeia para os Direitos do Consumidor, Meglena Kuneva, sublinhou ser "fácil fazer subir o volume do MP3 até níveis que são prejudiciais, sobretudo na rua e nos transportes públicos".

A comissária acrescentou ainda que "os dados mostram que especialmente os jovens que ouvem música muito alta e, por vezes, várias horas por semana, não têm a menor ideia de que estão a pôr em risco a sua capacidade de audição".

A Comissão Europeia propôs hoje ao Cenelec, organismo responsável pela elaboração de normas da União Europeia, que redija novas normas de segurança técnica para os leitores de música portáteis, incluindo os telemóveis, que abarcarão apenas os aparelhos produzidos após a entrada em vigor.

No processo de elaboração de normas pelo Cenelec participarão especialistas, a indústria, associações de consumidores e outras partes interessadas, podendo durar dois anos.

Bruxelas sublinha que a utilização segura dos dispositivos depende do tempo de exposição e do volume. A 80 decibéis, a exposição semanal ao ruído deve limitar-se a 40 horas, mas a 89 decibéis não deverá exceder as cinco horas.

Calcula-se que, na União Europeia, entre 50 a 100 milhões de pessoas ouvem diariamente música através de um dispositivo portátil. Nos últimos quatro anos, Bruxelas estima que tenham sido vendidos entre 184 e 246 milhões de reprodutores portáteis de música, dos quais entre 124 e 165 milhões são leitores de mp3.

[in grandes sons]

Tou farto que me tentem "proteger"...

5 comentários:

jv- disse...

Acho que uns outdoors e anúncios na TV para alertar para a situação chegavam, mas não discordo totalmente da ideia.
Principalmente os miúdos ouvem música altíssima durante imenso tempo.

Bino Lento disse...

bah!

Se os miudos ouvem musica alta com os leitores, tambem ouvirao em casa, no carro, etc... e os que nao sao miudos (ou mesmo os miudos!) se quiserem ouvir uma musica alta, devem poder faze-lo!!

E há mais duas coisas a considerar:
1º - Baixar até onde?? Ou seja, segundo as recomendações da Sony (que tem a opção de limitar o volume ate ao ponto em que, segundo eles, nao faz mal [AVLS acho eu], aquilo é ridiculamente baixo!
2º - Nem todas as musicas sao normalizadas, tem os mesmos parametros, sao gravadas da mesma maneira. Um software dificilmente reconhecerá ate onde pode ir, que nao sabe antecipadamente as frequencias da cançao/sons. Ora, o mais provavel é limitar a pedrada.

Resultado: vais no bus e ouves a kizombada do gajo que tá ao teu lado com um telemovel ou mp3 com colunas, ou entao a musica pimba nos altifalantes do transporte. O leitor de musica digital fica inutilizado.

Acho as discotecas e ate os concertos um flagelo que deve ser prioritario, porque nestes casos o "consumidor" não tem a minima liberdade para baixar o volume, mesmo que queira.

bst disse...

Ahh Comissão Europeia, sempre a proteger os meus DESinteresses..

Trabs disse...

encontrei este blog através do Blitz e este assunto parece-me interessante.
O mais curioso de tudo isto é que, primeiro impingem-nos as novidades tecnológicas, fartos de saber quão mal podem chegar a fazer à saúde pública e depois de já terem vendido o suficiente para pagar o I+D e os iates dos acionistas (da Sony e das outras) é que "descobrem" os malifícios.
Em Espanha, onde vivo, estamos a um passo da proibição do GPS, pois é "um perigo para a condução". Claro que é, se mal utilizado, mas já o era no ano passado e trataram de baixar os preços e vender GPS's como rebuçados. O mesmo passou com os telefones celulares no campo da utilização e da radiação.
Eu participei em vários estudos de acústica, tenho algum inclusivamente publicado na página web da minha empresa
http://reflexion-arts.com/filosofias-1/los-sistemas-individuales-de-escucha-y-sus-riesgos-1/view
e na verdade não é o mesmo escutar música a alto nível através de um sistema de PA ou de alta fidelidade que através de um par de auriculares, principalmente de alguns que se introduzem até muito pouca distância do tímpano. A pressão acústica aumenta 6dB com a diminuição a metade da distância, mas no chamado nearfield é muito menos previsivel o comportamento do programa musical, principalmete quando há manipulação frequencial, para dar a sensação de mais graves. Essa sensação é, normalmente mais de carácter sensorial e para conseguila nuns aucultadores há que forçar a equalização em zonas do espectro realmente mais perigosas para as células auditivas. E o pior é que tudo isto é irreversível e só nos damos conta quando começamos a ter perdas consideráveis.
Da mesma forma que para uma mesma pressão acústica de ruido (escavadoras, motores, etc) ou música, o primeiro é infinitamente mais danino que a segunda.
desculpem a sessão de esclarecimento.

abrassu a todos
Sergio Castro

Bino Lento disse...

Caro Trabs, nós é que agradecemos! Sessões de esclarecimento destas são sempre bem-vindas!!