segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Vai um passinho de dança?




Duas faixas muito dançáveis oriundas desta e da outra margem do Atlântico!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

cenas

Há uns meses comecei a escrever este texto, mas só agora me lembrei dele, e pareceu-me a altura indicada para o disponibilizar. Apenas tratei de o rematar com umas pequenas frases e voilá:

Querem à força toda que sejamos culpamos ou pelo menos sintamos alguma culpa quando descarregamos “ilegalmente” música da internet. E foi esta conjectura que me levou a tentar desabafar o meu descontentamento com esta situação. E é a ouvir um disco sacado ilegalmente da internet que estou a escrever.

Há mais de uma década que lido diariamente com essa situação, sempre foi um acto natural no meu quotidiano e inclusivamente uma das razões que me levou a ter internet. A música, além de uma arte, é uma cultura, uma forma de viver, por vezes viciante, outras vezes somente um entretém. Pode conter ideias profundas de um lado e batidas extasiantes do outro. Durante um largo período da minha vida foi possivelmente o meu maior interesse, lá estava sempre eu entusiasmado para saber o que estava a sair de novo. Foi através desta arte que tomei conhecimento das culturas modernas anteriores à minha nascença, da história da nossa sociedade no último século, das modas e movimentos que mudaram a forma de encararmos a vida.

Todo este rico conhecimento chegou-me (ou devido a),segundo dizem, através de um crime. Pois de facto estava a roubar trabalho a quem se esforçou para o fazer, e dele necessita para brotarem os seus rendimentos. Sempre foi isto que absorvi dos media, esta ideia de que faço parte de uma geração de ladrões, crápulas parasitas que não olham a meios e que obtém o que desejam através de um frio click no rato.

Por outro lado também sempre andei teso, tesinho da carteira, a contar os tostões, e quando fazia contas à vida reparava que os meus interesses capitalistas eram essencialmente ir a concertos, e era esta a grande fonte dos meus gastos. No fundo, estoirava o dinheiro todo em música, inclusivamente até comprava os bilhetes para espectáculos em lojas físicas. Por vezes pergunto-me como me aceitavam como cliente, ao verem aquele grande rótulo na minha testa, com letras coloridas e cores bem vivas onde se podia ler “LADRÃO DE ARTE”. Por outro lado percebo, até o dinheiro do ladrão é bem vindo aqui na terra do capitalismo selvagem. Mas não é por aqui o caminho deste texto.

A ideia que desejo transmitir centra-se factualmente na discrepância e dessintonia entre a evolução da indústria musical e a evolução da sociedade. E não confundir a sociedade com as pessoas, porque estas últimas evoluíram como a indústria musical, adaptando-se às reformas tecnológicas e económicas como bem se pretende. O nosso problema é que a forma de se vender música mudou, disso não há dúvidas, as leis e mentalidades é que se mantiveram conservadas em óleo de fritos. Hoje em dia ouvimos muito mais música, somos mais cultos, e inclusivamente temos maior espírito crítico e solidário. E nem por isso gastamos menos dinheiro. Gastamos é de maneira diferente, e até acho que gastamos mais. Os músicos não estão mais pobres,nem me parece que apareçam menos artistas novos, simplesmente o dinheiro está cada vez mais canalizado para promotoras de espectáculos ao invés das famosas editoras de discos. Quero com isto concluir que ao contrário das nossas gerações mais novas, quem não se adapta são aqueles que não têm realmente o gosto intrínseco pela música, apenas pelo negócio. E para alguns desses, parece que se está a acabar a árvore das patacas.